Taxa de juros começa a cair

03/02/2025

O Banco Central elevou nesta quarta-feira (30) em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.

Como a inflação está crescendo no país, o Copom prevê na próxima reunião uma nova alta na Selic.

A taxa básica de juros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, ao influenciar o nível de todas as demais taxas praticadas no mercado.

Quando os juros sobem, fica mais caro para famílias e empresas emprestarem dinheiro para consumir e investir. Quando os juros caem, é esperado efeito contrário.

A expectativa dos analistas era de que a Selic chegaria a 8,75% em 2025 e 8,5% em 2026, mas a movimentação da economia levou a um caminho inverso.

A inflação é contida, mas existe um preço a se pagar: juros mais altos afetam também o ritmo do crescimento da economia. Ao se aumentar a taxa de juro, cai o ritmo da economia. Isso vai afetar mercado de trabalho e aumentar a taxa de desemprego.

Como consequência, pode haver um aumento no desemprego. No entanto, as autoridades monetárias precisam escolher entre dois males: um desemprego maior ou uma inflação maior.

O juro alto pode ter o efeito de aumentar ainda mais o desequilíbrio entre ricos e pobres.

Isso acontece porque os pobres não têm acesso a ferramentas e investimentos que protegem seu dinheiro da inflação. Os que não têm contas bancárias, e mantém dinheiro em espécie, veem seu patrimônio desvalorizar, além de seus salários corroídos.

Os economistas dizem que muitos nas camadas mais pobres da população que têm conta bancária costumam deixar o seu dinheiro em cadernetas de poupança.

Os mais pobres não têm acesso a nenhum tipo melhor de proteção contra a inflação. As cadernetas de poupança não são consideradas bons investimentos, neste momento, por causa da forma como são calculados os seus ganhos.

Quando a Selic supera os 8,5%, a remuneração da poupança é limitada a 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a variação de outra taxa, conhecida como taxa referencial.

Na prática, isso significa que a taxa de poupança está pagando pouco menos de 7% de juros ao ano. Isso seria suficiente para proteger o poupador da inflação (que está em 4,87% ao ano neste momento), mas com ganho real de cerca de 3%.

Com os juros mais elevados, os títulos pós-fixados, que acompanham diretamente a Selic e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), se tornam opções preferidas dos investidores. O Tesouro Selic, Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) indexados ao CDI e até mesmo a poupança se beneficiam desse movimento, já que sua rentabilidade acompanha de perto as variações da taxa básica de juros. No entanto, as incertezas econômicas e fiscais no Brasil geram uma postura mais cautelosa entre investidores que consideram alternativas como os títulos prefixados. 

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, é professor da Fatec Sertãozinho e Unip RP. Membro da ASEL – Academia Sertanezina de Letras