Sertãozinho: Assistência Social segue com atendimento à população em situação de rua durante a pandemia

15/06/2020

Em meio à pandemia de Covid-19, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Sertãozinho continua promovendo abordagens noturnas – além das diurnas –, da população em situação de rua no município, organizadas pelo Centro POP (Centro de Referência Especializado para a população em situação de rua), com o apoio da Guarda Civil Municipal.
Segundo informações fornecidas pelo Centro POP, atualmente frequentam o setor de 10 a 12 pessoas, por dia, sendo que todas são encaminhadas para dormir no Albergue. “E há também cerca de seis pessoas em situação de rua que não frequentam o Equipamento Social, devido à resistência dos mesmos”, informa a secretária de Assistência Social e Cidadania e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez.
Ainda segundo o órgão que atende ao referido público, de 24 de maio a 2 de junho deste ano, o setor encaminhou para o Albergue Noturno “Octávio de Oliveira Campos”, diariamente, uma média de 10 pessoas, sendo que estas frequentam o serviço público durante o dia e após são encaminhados para pernoitarem na instituição, que mantém parceria com a Prefeitura, através da Secretaria de Assistência Social. Nesse mesmo período, porém, somente cerca de 8 indivíduos pernoitaram no local, a cada dia.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania, o Albergue Noturno, normalmente, pode acomodar até 26 pessoas. Porém, durante a pandemia, seguindo todas as orientações da equipe de Vigilância Sanitária do Município para minimizar o contágio da Covid-19, houve um maior espaçamento entre as camas e hoje estão sendo disponibilizadas 18 acomodações. Porém, estão sobrando vagas. “Muitos não aderem ao serviço. Ou não querem entrar, ou só se alimentam e vão dormir na rua, pois não querem dormir no albergue”, informa a secretária da pasta.
O intuito das abordagens noturnas é orientar e convencer àqueles que estão em situação de rua e não tenham residência para dormir, para irem até o Albergue, entretanto muitos não aceitam auxílio. “Tentamos convencê-los a passar a noite no local, mas muitos não querem ir, por não aceitarem seguir as regras da entidade, como ter horário máximo para entrar, por exemplo, além de condutas de respeito mútuo. E nós não podemos obrigá-los a ir”, explica a secretária.
É importante informar que, além das pessoas que são encaminhadas pelo Centro POP para pernoitarem no Albergue, que são aqueles usuários que passaram o dia no equipamento social, a instituição também pode abrigar outros que vão direto à entidade, pedindo pernoite, mesmo que não tenham passado por atendimento no Centro POP.
O horário de entrada no albergue noturno é das 18h às 19h. Para que consigam atender os usuários a contento, após esse horário, não é mais possível receber outras pessoas, exceto quando alguém é levado por técnicos da Secretaria de Assistência Social e Cidadania ou da Saúde, ou membros das forças policiais, após abordagem noturna, caso a pessoa seja convencida a ir dormir no local. “Se cada um entrar na hora que bem entender, a instituição perde o controle. E ainda podem acontecer problemas variados, já que parte dos usuários pode chegar sob efeito de substâncias psicoativas e causar tumulto no local”, informa a secretária.
“Assim, existem regras que precisam ser cumpridas para aqueles que desejam ser abrigados. Isso acontece em todos os lugares, nas nossas casas e também nos setores públicos, para que haja ordem. Do contrário, cada um vai se sentir no direito de fazer o que quiser e não funciona assim. As pessoas precisam se disciplinar”, conclui Tatiane.
A secretária faz um apelo: “para conseguirmos convencer que essas pessoas saiam das ruas, precisamos da ajuda da população, para que não dê esmola ou até mesmo alimentação, pois isso favorece que a pessoa fique na rua e não busque o nosso auxílio”. Então, a melhor forma de ajudá-los é entrar em contato com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania para se informar sobre como podem auxiliar essas pessoas em situação tão vulnerável. O telefone é 3942-3644 e o funcionamento acontece de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h às 17h. Após o expediente diurno, informações sobre pessoas em situação de rua podem ser passadas à Guarda Civil Municipal, através do 199.

Recuperação

Em Sertãozinho já houve cerca de 60 pessoas em situação de rua. Essa população diminuiu significativamente. “Atualmente, frequentam o Centro POP todos os dias cerca de 10 pessoas, quase todos dependentes químicos e com rompimentos familiares, por opção. Das 60 pessoas que eram atendidas, algumas foram reconduzidas aos familiares, outras alugaram residência com o benefício do auxílio emergencial e outras estão em tratamento junto a comunidades terapêuticas. Então, nosso trabalho tem surtido efeito”, comemora a secretária Tatiane Guidoni Gimenez.
Uma dessas pessoas recuperadas é William Thomé Fernandes, de 37 anos. Após perder o emprego de torneiro mecânico, há cerca de quatro anos, passou a consumir drogas. Com o divórcio e sem renda, não quis retornar à casa de sua mãe e passou a morar na rua.
Pouco tempo depois, William foi ao Centro POP, levado por um amigo que também frequentava o local, para receber alimentação. Lá, ele passou a conhecer os serviços do equipamento social, que oferece três refeições diárias, aconselhamento, local e produtos para higiene pessoal e lavagem de roupas. Foi assim que passou a frequentar também o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). “O Centro POP me ajudou muito. Encontrei bastante apoio e segurança. Tive mais contato com os funcionários, que souberam mais da minha história. E com a ajuda deles eu fui sobrevivendo e superando”, declara William.
Antes da pandemia, vinha sendo feito no Centro POP um trabalho aos finais de semana e feriados, em parceria com as igrejas evangélicas da cidade. Foi em um desses dias que William ouviu o depoimento de uma pessoa que havia se livrado do vício e se sentiu estimulado a mudar de vida. “Na mesma hora já comecei a ter apoio da igreja e do Centro POP. Voltei também a ter contato com minha mãe e, com a ajuda de todos eles eu fui para uma casa de recuperação em Barretos”. Foram seis meses de tratamento. Há 8 meses William voltou a viver com sua mãe e já está recolocado no mercado de trabalho desde o início do ano.
Durante todo o processo de recuperação, o apoio de toda a equipe do Centro POP, da igreja e da família foi fundamental. E William destaca o carinho de uma pessoa em especial: Marta, que era voluntária aos finais de semana. “Conheci a Marta lá no Centro POP, da equipe da igreja. Sempre tive muito respeito e admiração por ela e com o tempo, no decorrer do tratamento, ficamos mais próximos. E, após a minha alta e muita oração, começamos o namoro. Agora pretendemos nos casar em outubro desse ano”, relata.
O que deu a William motivação e força para superar a dependência química? “Deus colocou pessoas maravilhosas no meu caminho, sempre me apoiando. E eu não quis decepcionar essas pessoas”, confidencia, cheio de gratidão. (Departamento de Comunicação PMS)

Legendas:
01 – Imagens mostram o entrevistado William Fernandes: à esquerda, quando começou a frequentar o Centro POP e, à direita, após passar pelo processo de reabilitação e reinserção familiar e social

02 - Trabalho com a população em situação de rua, em Sertãozinho, é ininterrupto

Fotos