PARABÉNS! Mulher cria, vai à luta, é guerreira e busca... Feliz Dia Internacional da Mulher

Heloisa Helena Ribeiro, motorista de ônibus coletivo, - marca presença por onde passa exalando a beleza feminina
11/03/2015

Lena Aguilar

Dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data especial onde em todo o mundo são feitas comemorações e homenagens para estas que na verdade são dignas de serem homenageadas  todos os dias do ano.

Mais do que uma data comemorativa, o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é uma data para refletirmos sobre valores e igualdade entre homens e mulheres.

"O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países", explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinha.

Nas últimas décadas, as mulheres vêm conquistando e liderando mais espaços na sociedade. Mais independentes, assumiram outras responsabilidades, desempenhando diferentes funções (mães, esposas, namoradas, filhas, profissionais e amigas). Para homenagear aquelas que fazem o dia parecer ter muito mais que 24 horas,  o Jornal Agora foi ao encontro dessas guerreiras que quebraram todos os tipos de preconceitos e conquistaram o seu espaço no mercado de trabalho até então dominado pelos homens.  Além da indústria, Sertãozinho se destaca em outros setores que valorizam também a mão de obra feminina.

Em uma empresa de transporte coletivo,  Heloisa Helena Ribeiro destaca-se há seis anos ao dirigir um ônibus que percorre todos as linhas nos bairros da cidade. Ela marca presença por onde passa exalando a beleza feminina.

“Faz seis anos que estou de motorista urbano. Estou muito feliz por ter tido esta oportunidade na empresa e todos me elogiam. Muito bonita a homenagem que estão fazendo para as mulheres e mostrando o nosso trabalho para a região. Espero que todas tenham muita força e coragem”, disse Heloisa Helena.

Outra empresa da cidade que atua no manuseio de insetos no combate de pragas nos canaviais, onde fundamentalmente trabalham muitas mulheres que possuem um perfil em que a delicadeza e a sensibilidade são fundamentais.

 “Nossa empresa trabalha com insetos e precisa de pessoas que possuam paciência, que sejam  mãos delicadas na hora de manusear,  pois é  um trabalho bem rotineiro. Isto cabe muito mais em um perfil de mulher do que de homem”, explica a diretora Elitamara Morsoletto.  

Eliana Vieira atua na produção desta empresa que combate as pragas nos canaviais através dos insetos. Ela disse que fica à vontade trabalhando em uma empresa que tem muitas mulheres.

“Tem que tomar cuidado apenas com a TPM (tensão pré-mestrual)”, aponta Eliana Veira.

 

A INCOMPARÁVEL FORÇA DA MULHER

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento. 

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período. 

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1.500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações. 

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.