BETO BELLINI

23/06/2025

Quem nunca repassou a mensagem recebida no grupo da família, sem verificar se era verdade ou não? Essa é uma doença recente, ainda sem perspectiva de cura: a criação e difusão de informações mentirosas via redes sociais. Não repasse fake news: a responsabilidade começa com você

Em um mundo cada vez mais conectado, a informação circula em velocidade recorde. Com apenas alguns cliques, notícias chegam a milhões de pessoas. No entanto, essa facilidade também traz um desafio urgente: o combate às fake news, ou notícias falsas. Repassar informações sem verificar a veracidade delas pode causar desinformação, medo, ódio e até colocar vidas em risco.

Fake news são conteúdos falsos ou enganosos, muitas vezes criados com a intenção de manipular opiniões, promover interesses pessoais ou simplesmente causar confusão. Elas podem parecer legítimas, usar imagens reais fora de contexto ou até simular o visual de veículos jornalísticos confiáveis. Redes sociais, aplicativos de mensagens e até e-mails são canais frequentes para a disseminação desse tipo de conteúdo. Ultimamente, com o uso da inteligência artificial, é muito fácil até fazer vídeos de pessoas falando inverdades.

Compartilhar fake news não é um ato inocente. Pode trazer muitos riscos sérios, por exemplo, prejuízos à saúde pública. Durante a pandemia da COVID-19, por exemplo, falsas informações sobre curas milagrosas e teorias da conspiração dificultaram o trabalho de profissionais da saúde e colocaram vidas em perigo. Com a polarização política, tivemos casos de ameaça à democracia. Fake news influenciam eleições, distorcem debates políticos e atacam instituições democráticas. Muitos crimes e violência decorrem de notícias falsas, que já provocaram linchamentos, tumultos e perseguições injustas contra pessoas inocentes. Vários casos também de danos à reputação. Uma mentira compartilhada pode destruir a imagem de uma pessoa ou empresa em minutos. Aliás, essa era a principal ferramenta de Hitler, repetir uma mentira várias vezes até se tornar verdade.

Antes de compartilhar qualquer informação, siga algumas dicas simples. Verifique a fonte. A notícia veio de um veículo confiável? Está assinada por um jornalista? Pesquise, jogue o título ou trecho da notícia no Google. Fontes confiáveis já podem ter desmentido. Acesse sites como boatos.org para isso, se for o caso. Desconfie de conteúdos alarmistas. Frases como “compartilhe antes que apaguem” ou “ninguém está falando sobre isso” geralmente indicam fake news. Confira a data porque, às vezes, informações antigas são reutilizadas fora de contexto. Leia além do título. Manchetes sensacionalistas podem esconder conteúdos irrelevantes ou falsos. Isso é até usado por alguns órgãos de imprensa para atrair leitores.

Combater fake news é uma responsabilidade coletiva. Isso não significa censurar ou deixar de questionar, mas sim valorizar a verdade, a ética e o respeito à informação. Ao se tornar um leitor crítico e consciente, você contribui para uma sociedade mais justa, bem-informada e segura. Antes de compartilhar uma notícia, reflita: “Isso é verdade?" e "Se não for, quem pode ser prejudicado por isso?". Uma atitude simples como essa pode fazer toda a diferença. Em tempos de excesso de informação, o melhor filtro ainda é o bom senso.

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor da Fatec Sertãozinho e Unip RP, membro da ASEL - Academia Sertanezina de Letras