O destino das usinas na região de Ribeirão Preto: crise ou consolidação?

18/08/2025

Nos últimos 30 anos, nomes emblemáticos do setor sucroenergético desapareceram do mapa da região de Ribeirão Preto. Usina Barbacena, São Vicente, São Geraldo, Jardeste, Nova União, Santa Elisa, Albertina, Santa Lídia e MB encerraram suas atividades, transformando um cenário antes pulverizado em um mercado cada vez mais concentrado nas mãos de poucos grupos.

O fenômeno levanta uma questão inevitável: estamos diante de uma crise estrutural ou de um movimento natural de consolidação?

Entre a crise e a concentração Especialistas apontam que os dois processos caminham lado a lado. Por um lado, houve falências e encerramentos motivados por má gestão, endividamento elevado, juros altos e volatilidade nos preços do açúcar e do etanol.

 

A concorrência acirrada

pela cana - principal matéria-prima - pressionou margens e provocou uma transferência de renda significativa do usineiro para o produtor, fragilizando a saúde financeira de várias unidades. Por outro lado, essa redução no número de plantas também reflete uma tendência global: empresas mais capitalizadas e eficientes absorvem ou substituem operações menores e menos competitivas. É a concentração de mercado atuando como filtro, deixando em pé quem consegue investir, inovar e suportar as oscilações do setor.

 

O produtor mais forte

Desde a desregulamentação do setor, a cana deixou de ser refém exclusivo das usinas e passou a ter um mercado mais aberto. Produtores independentes negociam melhores contratos e podem escolher onde moer, elevando o preço pago pela tonelada. Essa O destino das usinas na região de Ribeirão Preto: crise ou consolidação?

Valorização do fornecedor, embora positiva para o campo, reduziu o espaço de lucro das indústrias, que muitas vezes não conseguiram compensar a alta do custo com ganhos de eficiência.

 

O futuro: mais concentração à vista

Tudo indica que o movimento de consolidação deve continuar. A lógica de mercado favorece grupos com integração agrícola, industrial e comercial, capazes de diversificar produtos e otimizar processos. Unidades menores, sem capital para modernizar equipamentos e ampliar a competitividade, correm o risco de seguir o mesmo caminho das usinas já fechadas.

 

Moer mais ou moer melhor?

Na região de Ribeirão Preto, a expansão de moagem talvez já tenha atingido um limite prático. A disputa por matéria-prima torna cada tonelada adicional mais cara. Nesse contexto, cresce a defesa de que as usinas concentrem esforços em eficiência, e não apenas em escala.

 

Isso significa:

- Melhorar o rendimento industrial e aproveitar ao máximo o ATR;

- Avançar na mecanização e no uso de variedades mais produtivas;

- Reduzir custos logísticos com transporte e armazenagem otimizados.

 

Uma nova lógica para o setor

A sobrevivência, no médio e longo prazo, passa por um conceito simples: não vence quem moe mais, mas sim quem moe melhor e mais barato. Para isso, será preciso investir em tecnologia, gestão e inovação - e deixar para trás a lógica de expansão

sem limites.

 

O destino das usinas na região de Ribeirão Preto: crise ou consolidação?

A história das usinas que fecharam nos últimos 30 anos serve como alerta e como sinal de mudança. O mapa sucroenergético da região de Ribeirão Preto já não é o mesmo.