Muitas vitórias

Muitas vitórias
15/03/2021

Lembro-me com orgulho e muita saudade daquele 8 de março de 1975 quando, ao chegar na escola, o famoso colégio Bento de Abreu, em Araraquara, vi uma imensa faixa onde se lia: 'Dia Internacional da Mulher'. A diretora Ynaiah B. da Silva (a primeira mulher no Brasil a estudar na escola superior de guerra) proferiu, bastante contente, um discurso sobre o primeiro dia reconhecido pela ONU como dia das mulheres.

Lembremo-nos que neste ano foi assassinato Vladimir Herzog o que, com certeza, feriu muito a sua esposa e tantas outras mães e mulheres que perderam filhos, maridos e irmãos, mortos pela ditadura militar. Esses fatos contraditórios nos fazem lembrar das lutas das mulheres por melhores condições de trabalho, de vida e de respeito.

Assim, sabemos que as mulheres sempre lutaram por seus direitos desde (as pouco

conhecidas) filósofas gregas passando pelas bruxas da Idade Média que, na realidade, eram parteiras e alquimistas e que usavam os seus conhecimentos para assustar aos homens e com isso conseguirem viver em paz.

As feministas modernas tem em Simone de Beauvoir a primeira pensadora consequente que dirá no seu livro: 'As filhas do segundo sexo', 'Ninguém nasce mulher', querendo dizer que as diferenças sociais entre os sexos é construída pela educação, religião e sociedade, daí a necessidade das mulheres e dos homens prestarem muita atenção no tipo de educação que dão aos seus filhos e filhas. Essa manifestação foi a primeira onda rosa. A segunda onda rosa nasce com as mulheres operárias, que foram vítimas de um duplo preconceito por trabalharem fora de casa e por serem mulheres, mas conseguiram e vem conseguindo alguns direitos não tanto quanto elas merecem. Naqueles anos 30, elas eram mal vistas pelas mulheres ricas que achavam que as operárias eram tolas, pelos próprios maridos como prostitutas, pelos médicos como perdidas e pelos patrões como objeto de exploração sexual. Mas a luta continua!

Hoje, homens e mulheres feministas tem o mês de março para refletir sobre como tratamos as nossas mulheres e, principalmente, para ouví-las, porque o movimento feminista já está amadurecido e as mulheres não precisam mais de tutores, são capazes de impor os seus direitos, e por isso resta-nos aplaudí-las.

 

Autor: Egydio Neves Neto