Jovens recorrem à estética cada vez mais cedo: especialistas alertam para riscos e escolhas seguras

Nos últimos anos, os consultórios de estética têm recebido um público cada vez mais jovem. Se antes os procedimentos eram buscados após os 30 ou 40 anos, hoje não é raro encontrar pessoas com pouco mais de 20 anos interessados em preencher rugas, redefinir contornos faciais ou prevenir os primeiros sinais de envelhecimento.
A tendência não surgiu por acaso. A popularização das redes sociais, a cultura da imagem e o acesso ampliado a tratamentos antes restritos a celebridades são fatores decisivos nesse movimento. Segundo especialistas, os avanços tecnológicos e a oferta de novas substâncias também facilitaram o processo.
Estética em alta e o debate sobre o “momento certo”
Durante participação no Podcast Dra. Rita Ao Vivo, a biomédica Tainah Ingrid analisou o cenário e fez um alerta importante: não existe uma “idade ideal” para começar.
“Tudo depende do estilo de vida. Pessoas que passam muitas horas expostas ao sol, que fumam ou têm hábitos menos saudáveis podem apresentar sinais de envelhecimento mais cedo. Já quem mantém uma rotina de cuidados pode postergar esses procedimentos”, explicou.
Para a especialista, o mais importante é que cada paciente compreenda os limites dos procedimentos e os riscos associados. “A estética não é capaz de interromper o envelhecimento, mas pode acompanhar esse processo de forma saudável e segura, valorizando a melhor versão de cada um”, disse.
Confusão entre bioestimuladores e preenchedores
Apesar da popularização, ainda há muita desinformação sobre as técnicas. Bioestimuladores, que induzem a produção de colágeno, e preenchedores, que aumentam volume em regiões específicas, são frequentemente confundidos pelos pacientes.
Segundo Tainah, a escolha do tratamento deve considerar não apenas o resultado desejado, mas principalmente a segurança. “O paciente precisa saber o que está sendo colocado no próprio corpo. Muitas vezes, o fator decisivo é o preço, mas optar pelo barato pode trazer consequências graves, e em alguns casos irreversíveis.”
O caso polêmico do PMMA
Um dos exemplos citados é o PMMA (polimetilmetacrilato), substância plástica aprovada pela Anvisa e ainda utilizada em alguns procedimentos estéticos. Originalmente desenvolvido para substituir enxertos ósseos e cartilaginosos, o material passou a ser usado para preenchimentos faciais e corporais.
Por ser permanente, o PMMA não é absorvido pelo organismo. O corpo forma uma cápsula em torno do produto, que pode acumular bactérias e causar infecções severas. Em casos extremos, há risco de sepse — uma infecção generalizada que pode levar à morte. “É um produto que nunca sairá do corpo, a não ser por cirurgia. E já vimos casos de pacientes internados em estado grave devido a complicações”, destacou a biomédica.
Ainda que aprovado para uso médico, seu emprego em estética é alvo de críticas de especialistas, que defendem alternativas mais modernas e seguras.
Ácido hialurônico: uma opção biocompatível
O substituto mais recomendado atualmente é o ácido hialurônico, substância naturalmente presente no organismo humano. No corpo, ele existe em forma líquida, mas para uso estético passa por um processo de redensificação, tornando-se um gel aplicado em áreas específicas do rosto ou corpo.
A grande vantagem é a biocompatibilidade e a absorção gradual pelo organismo. Além disso, existem diferentes densidades de ácido hialurônico, o que permite aplicações personalizadas. “Um produto mais leve pode ser usado nos lábios, enquanto versões mais densas são indicadas para regiões como o malar ou o queixo. O segredo é a escolha adequada para cada área”, explicou Tainah.
Estética como escolha consciente
O crescimento do mercado e a maior acessibilidade não eliminam a necessidade de cautela. Para especialistas, a estética deve ser vista como um recurso aliado à saúde e à autoestima, mas nunca dissociado da responsabilidade profissional.
“O paciente precisa desconfiar de promessas milagrosas e priorizar profissionais capacitados. O barato pode sair caro, mas acima disso, a pressa e a desinformação podem comprometer a saúde”, concluiu a biomédica.