Jornalista João Carlos Borda conta detalhes de seu livro “O vírus da INCERTEZA”

17/08/2020

Essa semana trazemos uma entrevista especial com o jornalista João Carlos Borda que conta um pouco sobre o seu livro, feito em parceria com seu amigo, o advogado Jorge Sanchez.
Com o título “O Vírus da Incerteza”, a publicação traz reflexões sobre a pandemia da COVID-19 e aponta as mudanças que vive atualmente a sociedade moderna enquanto se espera uma vacina contra o novo coronavírus.
Na obra, os autores traçam historicamente e de maneira literal, as epidemias e outros males que sempre assolaram a humanidade de tempos em tempos. Confira o bate papo.

J.A - Como surgiu a ideia de colocar em um livro toda essa mudança que estamos vivendo com a pandemia?

João Carlos Borda - A ideia foi durante a pandemia. Logo depois que começou, o meu amigo advogado Jorge Sanchez, que escreveu também esse livro, sugeriu a ideia de explorarmos esse assunto. Aí começamos então a costurar o livro pensando no que seria interessante - incluir nos campos da política, da violência, das questões de relacionamentos, da saúde e sobretudo da economia.

J.A - O mundo já viveu muitas epidemias, mas você considera essa da Covid-19 como a que mais motivou mudanças na humanidade?

João Carlos Borda - Nós mostramos no livro uma trajetória histórica sobre essas pandemias que ameaçaram a humanidade ao longo dos anos. Então, foram várias as situações como a gripe espanhola, a peste negra, a varíola e outras tantas doenças disseminadas pelo mundo. O que é diferente em relação a essa que nós estamos vivendo é que nós estamos em tempos modernos em que as conexões são maiores e as pessoas estão, por incrível que pareça, mais próximas e a velocidade de uma contaminação é maior. Então, nessa mesma velocidade nós temos também as consequências e elas se disseminam por toda a sociedade. Você tem em relação a isso o emprego sendo atingido duramente, a economia e claro uma incidência de contaminação muito maior.

J.A - As ‘Fake News’ tiveram algum papel para causar o pânico nas pessoas? Isso, na sua análise, contribuiu para essa crise sanitária e psicológica?


João Carlos Borda - Nós exploramos no livro a questão das “Fake News” que prestam um desserviço para a humanidade, sem precedentes. No momento tão delicado e sensível como esse, as “Fake News” foram, na verdade, uma ameaça muito grande, porque elas alteraram o comportamento e pior do que isso, colocaram nas casas e na consciência das pessoas que absurdos como a Cloroquina e outros produtos poderiam ser a solução e a Ciência prova que essas substâncias mágicas, divulgadas principalmente pelo presidente da República, só complicaram a vida do brasileiro e, consequentemente, contribuíram para que nós tivéssemos mais mortes. Então, acho que as “Fake News” aliadas a um comportamento dentro do seio da sociedade brasileira foram os fatores que contribuíram para nós chegarmos onde estamos e talvez até avançarmos em relação a esses casos.

J.A - Qual o legado que a pandemia do coronavirus deixa para o ser humano? Será que sairemos melhores de todo esse caos?


João Carlos Borda – “Será que sairemos melhores?” Eu tenho para comigo uma reflexão que me parece assim muito convincente e não nos coloca no risco de vaticinar-nos em relação ao futuro. Eu penso que as pessoas boas vão continuar com a sua essência de bondade, mas aquelas pessoas cruéis que nunca se importaram com os outros e que sempre foram pautadas por um comportamento individualista e preconceituoso, essas pessoas vão continuar do mesmo jeito. Então, a pandemia não é o bastante, por maior impacto que traga, para mudar a essência das pessoas. Seria bom se nós pudéssemos contribuir para a construção de um mundo melhor com todas essas qualidades que tanto almejamos, mas, eu infelizmente enxergo as coisas de uma forma muito cautelosa e apostado num cenário de completa prudência.