INVESTIGAÇÃO - Polícia apura se morte de criança foi provocada por maus tratos

24/07/2017

A Polícia Civil de Sertãozinho está investigando se a morte de uma menina de 1 ano e 6 meses teria sido provocada por maus tratos. Apesar do depoimento inicial do padrasto e da mãe da criança, que alegaram que a menina teria caído e batido a cabeça no chão, a delegada responsável pelo caso, Andrea de Souza Nogueira, disse que não descarta nenhuma hipótese.

Na declaração de óbito entregue à família pelo Hospital das Clínicas consta que Isabella Pereira morreu em decorrência de insuficiência respiratória aguda e traumatismo crânio-encefálico. Entretanto, o laudo final do Instituto Médico Legal (IML) só deve ser divulgado em um mês.

Na última terça-feira, 18, o padrasto e a mãe de Isabella prestaram depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher. Diego Mossin contou que a enteada caiu e bateu a cabeça no chão, quando os dois seguiam da creche para casa, na tarde da última quinta-feira, 13.

“Estava brincando com ela no carrinho, como sempre fiz, correndo atrás dela. Ela foi e caiu, bateu a cabeça forte. Eu peguei no colo, tentei animar, dei uns tapinhas nas costas, mesmo assim ela não reagiu. Eu virei ela de frente, fiz respiração boca a boca”, disse.

Ainda segundo Mossin, um morador do conjunto habitacional onde a família mora levou Isabella de carro até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em seguida, Isabella foi transferida à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) em Ribeirão Preto, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na sexta-feira 14.

“Estão falando que sou acusado de assassinato, eu nunca relei o dedo naquela menina. Ela começou a tremer, deu tipo uma convulsão na hora. Se tivesse alguma marca no corpo dela, na UPA eles iam falar. No HC-UE, não constatou nada de marca”, alegou o padrasto.

Ainda na delegacia, Aiane Peralta Pereira também negou qualquer tipo de agressão contra a filha e disse que o companheiro tinha uma boa relação com a garota. Ela apresentou a mesma versão de Mossin sobre a queda de Isabella.

“Ele tinha mania de brincar de pega-pega com ela,    que entrava na brincadeira. Ela saía correndo e ele correndo atrás falando “eu vou pegar a Isa, eu vou pegar a Isa”. Nisso, ela estava correndo, caiu e bateu a cabeça, foi o que aconteceu”, afirmou.

Apesar do depoimento do casal, a delegada Andrea de Souza Nogueira afirmou que não descarta nenhuma hipótese sobre a morte de Isabella, mas disse ser prematuro qualquer juízo de valor em relação aos pais e ao tratamento que a menina recebia na escola municipal.

“Todas as hipóteses serão analisadas: tanto em relação à creche, quanto a supostas agressões que a mãe estaria ou teria praticado, ou a mãe, ou o padrasto. Os moradores estavam revoltados porque a mãe teria praticado maus tratos com a criança anteriormente aos fatos. Então, todos esses fatos serão investigados”, disse.

Andrea já ouviu o depoimento de outras testemunhas, além da mãe e do padrasto da garota, e deve convocar os funcionários da creche nos próximos dias. A delegada também deve solicitar as imagens da câmera de segurança instalada na saída do colégio.

“Não podemos, de forma alguma, por enquanto, acusar se foi um crime doloso, ou não. Não temos o laudo ainda. Mas, tudo indica, segundo informações prestadas tanto pelo investigado, quanto pela mãe da criança, que foi uma fatalidade. A criança teria caído”, concluiu. (Com informações do G1)