Impacto das novas tarifas dos EUA sobre o açúcar brasileiro
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Contexto histórico
Em 1960, com o embargo dos EUA ao açúcar cubano, Washington implanta um sistema de cotas de importação para garantir o abastecimento interno. O Brasil, então, passou a integrar esse regime, com volumes destinados às usinas nas regiões Norte e Nordeste — um sistema que, embora limitado, oferecia previsibilidade para os exportadores.
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Nova alíquota de 50 %
Em 9 de julho de 2025, o governo norte-americano anunciou a aplicação de 50% de tarifa sobre o açúcar brasileiro, com vigência a partir de 1° de agosto de 2025.
A alíquota incide inclusive sobre o açúcar orgânico, que antes contava com isenção.
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Impactos diretos no setor
Competitividade penalizada: até mesmo os volumes dentro da cota (~156 000 t) podem se tornar inviáveis economicamente.
Risco para usinas do Norte e Nordeste: usinas de pequeno e médio porte podem ter de reduzir exportações, impactando economia local e manutenção de empregos.
Pressão sobre produtos complementares: etanol, melaço e derivados também sentem o impacto do aumento nos custos.
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Cenário macroeconômico
Estoques nos EUA podem amortecer os efeitos no curto prazo, mas a médio prazo os preços devem subir.
Pressão inflacionária: a tarifa de 50% atinge também itens como café e suco de laranja.
Repercussão no PIB e empregos: o chamado “tarifaço” pode reduzir o PIB em até R$ 19 bi e eliminar cerca de 110 mil postos de trabalho.
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Reações políticas e diplomáticas
O Brasil pediu negociações com os EUA, sugerindo reciprocidade e acionamento da OMC.
O presidente Lula invocou a Lei da Reciprocidade (50% para 50%) e o Itamaraty reforçou o compromisso em dialogar.
Especialistas criticam a medida como protecionista, possivelmente com motivações políticas.
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Estratégias recomendadas
Diversificar mercados: União Europeia, China, Índia, Oriente Médio e África.
Negociar novos acordos: bilaterais e regionais com redução tarifária.
Valorização de produtos premium: açúcar orgânico, etanol sustentável e certificações ambientais.
Fortalecer a cadeia interna: ampliar uso no mercado nacional e agregar valor localmente.
Conclusão
A tarifa norte-americana de 50% sobre o açúcar brasileiro evidencia a fragilidade do setor quando dependente unicamente dos EUA. Mais do que resistir, é urgente modernizar a diplomacia comercial do Brasil e fortalecer nossa resiliência econômica. Sem uma resposta estratégica, nossas usinas, trabalhadores e regiões produtoras podem perder espaço num mercado internacional cada vez mais competitivo.