CRISTIANE FRAMARTINO BEZERRA

... Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu,
a gente estancou de repente, ou foi o mundo então que cresceu...”
(Chico Buarque)
A música “Roda viva” do Chico foi escrita no ano de 1968, exatamente o ano do meu nascimento. E não por acaso, Chico é geminiano, como eu. Eu nasci num 13, ele no 19 de junho. Admiro a intensidade das suas letras e como fala da mulher com propriedade. E dos sentimentos. Tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente e até segurar a maçã que ele comeu durante sua apresentação no Pedro II, há alguns bons anos, quando o Sócrates e o Raimar me proporcionavam encontros memoráveis com artistas que eu admirava!
Jantei ao seu lado depois do show. Aliás, eu sentei no sofá da casa de um grande “Chef” de Ribeirão Preto, entre o Chico e o Carlinhos Vergueiro, com o Sócrates na minha frente inventando divertidas histórias sobre mim para os dois. Noite inesquecível. Mas pude ver naquela ocasião um geminiano um tanto introspectivo e pensativo. Senti que nos igualamos nas preocupações com o mundo e as pessoas. E na vontade de escrever exatamente o que se sente.
Quando ouço Roda Viva, sinto que não só o momento político reflete a impotência que sentimos naqueles tempos de ditadura, que até hoje tenta ressoar, mas também o quanto tantas vezes nos sentimos absolutamente cansados, “como quem partiu ou morreu”! A gente estanca de repente. E de repente parece que não tem de onde tirar forças.
Dias destes, acordei exatamente assim. Levantei meio que automaticamente, fiz o que precisava, o café para o marido trabalhar, ajeitei algumas coisas e voltei para a cama. Mas o estado de gripe forte e mal-estar me pegaram tão forte que eu nem sabia direito se estava ainda viva ou não. “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião...” O torpor não teve o dom de me derrubar porque logo lembrei das voltas do meu coração, dos giros da vida, das tantas vezes em que estive exatamente ali, na beira do poço ou do precipício, mas a voz do anjo sussurrou no meu ouvido, como no do Alceu Valença... Eu não duvido, escuto os seus sinais. Há tempos... E este mesmo anjo tem aberto meus olhos e me feito enxergar que os dias ruins até podem chegar, mas não vão permanecer para sempre.
Creio que o mais importante é permitir-se sentir. Sentir a dor quando ela vem, o cansaço, a fadiga mesmo. Mas também lembrar de tantas e tantas ocasiões em que a vida sorriu e foi generosa, a saúde perfeita, a conta bancária equilibrada, tudo no seu lugar.
Dias bons e dias ruins sempre vão existir, A grande questão está em se vamos nos deixar arrastar e permanecermos pesarosos e infelizes debaixo dos lençóis ou se vamos jogar a coberta para o lado, abrir as janelas do quarto e da alma, lembrar que tudo só depende de uma escolha. Sentir sim, mas reagir também...
Viver feliz ou amarguradamente.
Embora eu entre algumas vezes nas rodas vivas que me chegam, luto contra a corrente e na volta do barco entendo que é preciso continuar remando, cultivar a mais linda roseira, mesmo quando ela seja levada pra lá... Ou pra cá!
Sempre as escolhas estarão disponíveis e eu terei que optar por uma delas. E acolher o que minha decisão gerar.
Assim é a vida!
Eu só espero que tudo sempre se ajeite e a gente tenha cada vez mais fé e força pra continuar!
Muito Amor e Luz pra você!
Cristiane Framartino Bezerra
Historiadora de Religiões, Escritora, Cerimonialista, Celebrante, Produtora Cultural, Angelóloga
Atendimento Angélico Presencial em Ribeirão Preto e Sertãozinho e a distância, agendar pelo Whats: 16 999941696.