BETO BELLINI

01/09/2025

Em tempos de velocidade digital, em que a informação circula em ritmo frenético e muitas vezes superficial, a realização de uma feira de livros em nossa cidade se revela como um sopro necessário de profundidade, reflexão e encontro humano. Mais do que um evento cultural, a Feira do Livro é um ato coletivo de resistência e esperança, promovendo o acesso ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao prazer da leitura.

A importância de uma feira como essa vai muito além da simples venda de livros. Ela representa um espaço democrático onde leitores, autores, educadores e curiosos se encontram para dialogar, descobrir e se inspirar. É uma oportunidade rara de aproximar o público do universo literário de forma viva e acessível, especialmente em uma realidade na qual o preço dos livros e a falta de acesso às bibliotecas ainda são barreiras significativas.

Para crianças e jovens, a Feira do Livro tem um papel transformador. O contato direto com livros, contadores de histórias, escritores e oficinas literárias desperta o imaginário e semeia o hábito da leitura, tão essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia intelectual. É ali, entre estandes e conversas, que muitos leitores nascem.

Além disso, a feira é um importante agente de formação cidadã. Ao dar voz a diferentes expressões culturais, ela promove a empatia, o respeito à diversidade e o diálogo entre gerações e realidades. Os temas abordados nos livros e nas mesas de debate – que vão da literatura à política, da história local à sustentabilidade – ajudam a formar uma população mais informada, consciente e engajada.

Não se pode esquecer ainda do impacto econômico e social. Uma feira bem organizada movimenta livrarias, editoras, artistas, professores e pequenos empreendedores locais, fortalecendo a cadeia do livro e fomentando a economia criativa da cidade. Também valoriza autores regionais, cuja obra muitas vezes é desconhecida do grande público, mas carrega a alma e a identidade do lugar onde vivemos.

Por isso, mais do que apoiar, é dever de todos – poder público, instituições de ensino, empresas e cidadãos – participar ativamente da construção e valorização desse evento. Investir em leitura é investir em futuro. E a Feira do Livro é uma das mais belas formas de cultivar esse futuro, página por página.

Ao visitar uma feira de livros, não se está apenas comprando obras. Está-se participando de um movimento de transformação coletiva, em que a cultura encontra espaço para crescer e formar não apenas leitores, mas cidadãos mais livres, críticos e humanos.

A leitura é a base do pensamento crítico e do desenvolvimento intelectual de um povo. É por meio dela que os cidadãos adquirem conhecimento, ampliam sua visão de mundo e se tornam aptos a participar ativamente da vida democrática. Em um país, investir em leitura, educação e ciência é investir em autonomia, inovação e progresso. Por outro lado, negar o acesso à educação e desvalorizar a ciência é abrir espaço para o obscurantismo, a desinformação e a manipulação, enfraquecendo as instituições e comprometendo o futuro coletivo. Um povo que não lê, que não questiona e que não tem acesso ao saber é mais vulnerável a discursos autoritários e menos capaz de construir soluções sustentáveis para os desafios sociais, econômicos e ambientais que enfrenta.

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e da Unip/RP, membro da Asel – Academia de Letras de Sertãozinho