Dra. Rita entrevista o Dr. Samuel Salomão Prado sobre labirintite

Dra. Rita entrevista o Dr. Samuel Salomão Prado sobre labirintite
06/06/2022

DR SAMUEL SALOMÃO PRADO, MÉDICO NEUROLOGISTA, CRM: 124001

 

  • O que acontece na labirintite?

Labirintite é um tipo de vertigem, que acontece por uma desordem no ouvido interno, associada a alterações nas células cocleares. O sistema vestibulococlear despolariza continuamente, informando o cérebro de uma alteração de equilíbrio que, na verdade, não existe, e, por esta razão, o paciente tem a percepção contínua ou quase contínua de que está em queda, que está em desequilíbrio.

 

  • Quais são as causas?

As causas são variadas e são muitas vezes associadas a doenças sistêmicas. No caso das labirintites, as principais causas que podem ser gatilhos para uma crise labiríntica são alterações de pressão, alterações de glicemia, hipotireoidismo e também associadas a fatores de má qualidade de sono e estresse.

 

  • Quem corre mais risco de sofrer com o problema?

A população que corre o maior risco é exatamente a mesma em que incidem essas doenças sistêmicas, ou seja, terceira idade ou os pacientes com comorbidades, como hipertensão e diabetes.

 

  • Como reconhecer a labirintite?

O paciente é capaz de identificar uma crise labiríntica por ser um evento súbito de tontura, que pode ser associado também a zumbido, em que, mesmo estando em uma posição de repouso, de equilíbrio, sentado ou deitado, ainda assim a percepção do paciente é de que está caindo. O quadro pode ser associado a náuseas e vômitos, podendo durar de minutos até horas.

 

  • É verdade que a alimentação influencia?

A alimentação pode ser um fator de risco por um aumento súbito da glicemia do paciente. Isso acontece principalmente nos pacientes, por exemplo, com diabetes, que vão acabar tendo maior facilidade de oscilação da glicemia e, com isso, maior propensão de labirintite.

 

  • O que se deve fazer no meio de uma crise?

O tratamento da crise de labirintite varia muito de acordo com a intensidade da crise. Se a crise for leve, o paciente consegue manejar em casa, muitas vezes com medicações sintomáticas, porém, em casos mais severos e mais incapacitantes, o paciente precisa procurar uma unidade de saúde, um pronto atendimento para conseguir receber uma medicação de ação mais rápida e mais potente, para que cesse a crise de labirintite de maneira mais rápida.

 

  • Qual é o tratamento?

O tratamento das crises pode ser dividido em dois tipos, sendo as medicações para crises e as medicações para prevenir novos eventos de labirintite. As medicações para crise de labirintite podem ser em comprimido ou endovenosas, tomadas em unidade de pronto atendimento. As medicações profiláticas têm o intuito de evitar novas crises.

 

  • Existe alguma consequência grave?

A consequência mais grave no caso seria um erro de avaliação, erro no diagnóstico em chamar de labirintite outro tipo de vertigem, que, na verdade, é oriunda do sistema nervoso central, por exemplo, e que, por vezes, é muito associada a doenças graves, como tumores e esclerose múltipla. Sendo assim, é fundamental que, antes de mais nada, o paciente sintomático procure um neurologista ou otorrinolaringologista, para poder fazer essa diferenciação e, aí sim, poder fazer o tratamento mais acertado.

 

  • Como diferenciar labirintite de tontura?

Tontura é o nome popular que é dado para vertigem. Labirintite é um tipo de vertigem, e existem vários tipos e várias causas. Em uma divisão mais didática, a vertigem pode ser dívida em periférica, quando ela vem do ouvido médio e do ouvido interno, ou central, quando é originaria de uma doença uma patologia no sistema nervoso central. Sendo a vertigem periférica ou central, ambas terão apresentações distintas, com características e sintomas diferentes, sendo, por isso, necessária a avaliação médica antes de iniciar qualquer tratamento.