AMÉRICO PERIN
Desde sempre, se pergunta, o que é o amor?
Perguntaram aos cientistas e eles responderam que o amor seria reconhecido pelas reações do nosso corpo quando da produção de certas substâncias que nos dão a sensação do prazer, felicidade etc.
Perguntaram então aos poetas, e eles responderam que o amor seria a causa de imensa felicidade ao se “amar”, contudo, muitas vezes ele também seria a causa de grande sofrimento...
As flores! Ah! As flores... sempre ligadas às manifestações de amor, quantas lendas elas já inspiraram. Uma delas, por exemplo, conta que, nos seus primeiros tempos de existência, o “Amor Perfeito” tinha um perfume suave e delicado como sua irmã Violeta. Crescia no campo em meio à plantação do trigo e, como era muito procurado pelas suas lindas cores e aroma inigualável, as pessoas iam à sua procura nos trigais e pisoteavam o trigo, que, como consequência, estragava, e a produção de grãos escasseava. A flor, tremendamente aflita com isso, pediu à Santíssima Trindade que a privasse do seu perfume, pois não queria que, por sua culpa, se perdessem as colheitas. A sua súplica foi atendida, a flor perdeu seu aroma e, desde então, as camponesas francesas a chamaram de Planta da Trindade ou Trinitária, hoje conhecida como AMOR PERFEITO.
Mas, como nem tudo são flores, vou contar um caso de amor acontecido na velha Piracicaba. Isso foi lá pelo início dos anos 40 e aconteceu de verdade. Eles eram ainda muito jovens e nem tinham ideia do que o futuro lhes preparava. Enquanto isso, gastavam algumas poucas horas dos fins de semana fazendo o “Footing” na Praça da Matriz.
Pois é, para aqueles que hoje reclamam da “invasão cultural” de que somos vítimas, é bom saberem que, desde há muito, já se usava expressões de outras línguas, algumas que até acabaram se incorporando no linguajar pátrio. Quem nunca ouviu, por exemplo, as músicas de um bom forró? E pensar que tudo começou numa base militar norte-americana instalada no Brasil, lá em cima, no nosso mapa, perto de Miami... Era quando, durante a segunda grande guerra, os militares dos EUA abriam seus portões para um baile “For ALL”, que ninguém é de ferro né, e, nesses bailes, sabe-se que surgiram grandes amores...
Bem, voltando aos nossos jovens de 1942, num desses “footings” iniciou-se o namoro do Luiz, que ainda nem era professor, com uma das moças mais bonitas da cidade. Namoro assim: olhar para cá, olhar para lá e umas pouquíssimas palavras trocadas sempre sob o olhar de alguma parenta mais velha da jovem.
Tudo ia bem, até que, em determinado sábado, o Luiz disse que precisava ir embora mais cedo, pois iria tocar num baile. “TOCAR NUM BAILE?! – VOCE É MÚSICO?!” exclamaram as tias - diga-se, todas solteironas.
E a namorada, mesmo sofrendo grande dor no coração, terminou o namoro ali. Mas era preciso, pois, como uma moça recatada... de família... poderia dar-se em compromisso com um... um ... um músico?! Que barbaridade para a época!
É, era assim a coisa. Mas os anos se passaram e o Luiz, sempre tocando seu trombone, formou-se na Escola Normal, foi um excelente professor e aposentou-se como diretor de um grande colégio da cidade. Casou-se, curtiu os netos da bela família que formou com uma jovem que não ligava por ele ser músico e, segundo se crê, dado seu grande amor pela música, o Luiz toca até hoje lá pela “Banda de lá...”
Andando pela cidade, quando ainda vivo, ele via, às vezes, a antiga namorada que lhe deu o fora. Velhinha, coitada, vivendo a tristeza desde há uns 40 anos, logo após o fracasso do casamento com um médico que acabou com o dinheiro da família nas mesas de jogo e a abandonou por outra mais jovem que tinha algum dinheiro para ele gastar...
Pois é, professor, qualquer dia desses nos encontraremos “aí” e tocaremos umas valsinhas juntos, pois já me disseram que no céu também tem banda aos domingos...
Mas... o que é o amor??????
O amor, meus queridos jovens, é um sentimento que a gente sente quando está sentindo um sentimento que nunca sentiu... (palavras de um velho amante).