BETO BELLINI

26/05/2025

Você já percebeu casos de dissonância cognitiva em seu dia a dia?

Dissonância cognitiva é um conceito psicológico que descreve o desconforto mental que ocorre quando uma pessoa mantém simultaneamente duas crenças, valores ou atitudes contraditórias, ou quando seu comportamento entra em conflito com suas convicções.

A dissonância cognitiva na política brasileira ocorre quando indivíduos ou grupos mantêm crenças ou valores que entram em conflito com suas ações ou com evidências externas. Esse fenômeno pode ser observado em diversas situações, como na justificativa de decisões políticas contraditórias ou na defesa de figuras públicas apesar de evidências que contrariem suas posturas.

Por exemplo, há casos em que eleitores apoiam políticas que vão contra seus próprios interesses econômicos ou sociais, mas justificam essa escolha com argumentos que minimizam a contradição. Além disso, estudos apontam que a dissonância cognitiva pode ser um fator relevante na adesão a movimentos políticos, onde há um esforço para justificar ações e discursos que podem parecer incoerentes com valores previamente defendidos.

Na economia brasileira, ocorre quando há uma discrepância entre os indicadores econômicos e a percepção da população sobre a situação financeira do país. Por exemplo: alguns dados mostram que a economia está em crescimento, com inflação controlada e redução do desemprego, mas muitas pessoas ainda sentem os efeitos da crise e acreditam que a situação econômica está ruim.

Isso pode ser explicado por fatores como o aumento dos preços de itens essenciais, como alimentos, que impactam diretamente o dia a dia das famílias. Além disso, a política monetária do Banco Central, que mantém taxas de juros elevadas, pode dificultar o acesso ao crédito e limitar o crescimento econômico. Essa contradição entre dados positivos e dificuldades percebidas gera um fenômeno de dissonância cognitiva, em que as pessoas buscam justificativas para alinhar suas percepções com a realidade econômica.

Outro exemplo é a relação entre decisões políticas e expectativas econômicas. Algumas políticas podem ser defendidas por determinados grupos, mesmo quando os resultados econômicos não correspondem às promessas feitas. Isso pode levar a um esforço para justificar medidas que, na prática, não beneficiam a população como esperado.

Esse fenômeno é fundamental para entender como as pessoas interpretam a economia e como isso influencia decisões políticas e sociais.

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor da Fatec Sertãozinho e Unip RP, membro da ASEL - Academia Sertanezina de Letras. A Fatec está com inscrições abertas para o processo seletivo. Acesse https://vestibular.fatec.sp.gov.br