BETO BELLINI

03/11/2025

A saudade é um sentimento profundo e complexo, especialmente quando se trata de entes queridos que já faleceram. É uma mistura de amor, lembranças e a dor da ausência. Cada pessoa lida com a saudade de maneira única, mas há elementos comuns que muitos de nós experimentamos.

As lembranças dos momentos compartilhados com aqueles que amamos são um dos aspectos mais preciosos da saudade. Fotos, cartas, objetos pessoais e até mesmo cheiros e músicas podem trazer à tona memórias que aquecem o coração. Essas lembranças nos ajudam a manter viva a presença daqueles que partiram, mesmo que fisicamente não estejam mais conosco.

A ausência de um ente querido pode ser sentida de várias maneiras. Pode ser a falta de uma conversa diária, o vazio em ocasiões especiais ou a ausência de um abraço reconfortante. Essa dor é uma parte natural do processo de luto e, embora nunca desapareça completamente, pode se transformar com o tempo.

Muitas pessoas encontram conforto em rituais de homenagem, como visitar o túmulo, acender velas ou participar de missas e cerimônias religiosas. Esses atos simbólicos ajudam a canalizar a saudade e a expressar o amor e o respeito que sentimos pelos nossos entes queridos.

Com o tempo, a saudade pode se transformar. A dor aguda da perda pode dar lugar a uma sensação mais suave de nostalgia e gratidão pelos momentos vividos. Aprendemos a carregar a memória dos nossos entes queridos de uma maneira que nos fortalece e nos inspira a viver de forma plena e significativa.

O Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, é uma das datas mais tradicionais do calendário cristão. Sua origem remonta ao século XI, quando o monge beneditino Odilon de Cluny instituiu a data como um dia dedicado à oração pelos mortos. A iniciativa se espalhou pela Europa e, com o passar dos séculos, foi incorporada pela Igreja Católica em todo o mundo, tornando-se um momento de reflexão, saudade e homenagem àqueles que partiram.

No Brasil, o Dia de Finados é feriado nacional desde o período colonial. A data mantém um caráter fortemente espiritual, mas também envolve costumes sociais e econômicos que movimentam diversos setores. Milhares de pessoas visitam cemitérios, enfeitam túmulos com flores e velas, participam de missas e dedicam o dia à lembrança de entes queridos. Esse conjunto de hábitos cria um impacto significativo na economia, especialmente no comércio e nos serviços.

Floriculturas, por exemplo, registram um aumento expressivo nas vendas — em alguns casos, as vendas chegam a triplicar na semana do feriado. Rosas, crisântemos e coroas de flores são os produtos mais procurados. Já os fabricantes e comerciantes de velas também veem crescer a demanda, impulsionando o pequeno comércio e a produção artesanal. Além disso, o setor de transporte público e privado registra aumento de passageiros, com o deslocamento das pessoas até os cemitérios ou cidades de origem familiar.

Outro aspecto relevante é o impacto indireto em serviços de limpeza, manutenção e segurança dos cemitérios, que se preparam com antecedência para receber o grande público. Pequenos ambulantes também se beneficiam, vendendo água, flores, lanches e lembranças próximas aos locais de visitação. Assim, o Dia de Finados, embora seja um momento de silêncio e introspecção, movimenta uma cadeia econômica considerável e temporária.

A data revela um interessante equilíbrio entre fé, tradição e consumo. Mesmo em um cenário de inflação ou restrições orçamentárias, as famílias mantêm o hábito de prestar homenagens, ainda que de forma mais simples. Isso mostra que o Dia de Finados, além de seu profundo sentido religioso e afetivo, também se tornou um reflexo da economia popular brasileira — uma ocasião em que a memória e o mercado caminham lado a lado.

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, professor do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e da Unip/RP

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