Crise de Alane na eliminação do BBB coloca perfeccionismo e medo de não agradar em destaque

Crise de Alane na eliminação do BBB coloca perfeccionismo e medo de não agradar em destaque
22/04/2024

Especialista explica a relação entre essa descarga de energia e os traumas vividos na infância

 

O Brasil assistiu ao vivo a uma crise de ansiedade da participante Alane Dias, eliminada do BBB24 na noite do último domingo (14). Ao receber a notícia, ela começa a se bater e a tentar se coçar em lágrimas, além de dizer que é uma pessoa horrível e uma vergonha para a mãe. Mas o que leva alguém a esse extremo que impactou o público e gerou muita discussão na internet?

“Quando uma criança é educada com base nas grandes expectativas dos pais, ela não tem espaço para cometer erros ou esses erros são sempre vistos com críticas, com julgamentos, punições, ameaças. Ela cresce acreditando que, para ser amada, precisa ser perfeita. Esse poderia ser o caso de Alane, que, ao se ver eliminada, entrou em contato com o medo da rejeição vivenciado quando criança e fez com que entrasse em crise. Essas emoções podem surgir em situações estressantes. Não podemos prevenir uma emoção, mas é preciso aprender a lidar e identificar os gatilhos que despertam esses sentimentos”, comenta Telma Abrahão, biomédica especialista em Neurociências e desenvolvimento infantil. 

Dançarina e modelo, Alane foi eliminada com 51,11% dos votos, desabafou e começou a se atacar. Na Neurociência, isso também é explicado biologicamente com experiências infantis. “A expectativa de agradar sempre e o medo de ser punido - como talvez tenha acontecido na infância - podem deixar a pessoa em constante estado de hipervigilância e alerta. Isso aumenta os hormônios do estresse, o cortisol e impacta a autorregulação emocional. É possível perceber que naquele momento ela estava muito assustada, a ponto de entrar em crise e se bater. Ao sentir medo, as partes do cérebro ligadas ao controle dos impulsos são ‘desligadas’, o que pode provocar reações impulsivas como as vivenciadas por Alane”, alerta Telma.

Na infância, o aprendizado é intenso, a autorregulação é aprendida por meio da observação e da corregulação com o cuidador. Quando uma criança recebe exigências extremas dessa pessoa que deveria ser um modelo, ela pode levar esse reflexo para a vida adulta. “Pessoas criadas com grandes expectativas tendem a se tornar adultos perfeccionistas. Então, quando ela descobriu que foi eliminada, ela acionou esse gatilho e entrou nesse lugar de ‘não sou boa o suficiente’ ou ‘vou me esconder’, ‘que pena’. O sentimento de alguém assim é mesmo que para ser amado e aceito tem que ser perfeito”, comenta a especialista.

O episódio chama a atenção para algo pouco discutido: como os traumas da infância refletem na vida adulta. Um adulto ferido sofre com gatilhos do passado, que, se não forem tratados, tornam-se um sério problema nos relacionamentos. “Quando não aprendemos isso com nossos pais, acabamos tendo que aprender a nos dar todo amor, carinho e ter aquele olhar de compaixão que talvez nunca tenhamos recebido. É preciso se reeducar para conseguir encontrar equilíbrio, harmonia e construir relacionamentos emocionalmente saudáveis”, finaliza a biomédica.

 

Telma Abrahão @telma.abrahao

Mãe de dois filhos, médica biomédica, especialista em Neurociências e desenvolvimento infantil, e uma das pioneiras no Brasil a aliar a ciência à educação infantil. Criadora da Educação Neuroconsciente, que “nasceu” da necessidade de levar conhecimento sobre a Neurociência por trás do comportamento infantil para mães, pais e profissionais de saúde e educação. Telma Abrahão é autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”, e lança o seu terceiro livro “Revolucione a relação com os seus filhos em 21 dias”. Seus livros são vendidos em mais de 15 países e ajudam milhares de pessoas ao redor do mundo a se reeducar para melhor educar. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas da Amazon, com o objetivo de abordar temas que ajudem os pais a lidar com os desafios na educação dos filhos. Entre eles, “O que acontece na infância não fica na infância”. 

 

Gabrielle Mônica - Assessora de Imprensa