CRIME - Dois homens de Sertãozinho foram presos acusados de assassinato em São Carlos

29/08/2016

O suspeito que confessou ter matado um motoboy a pauladas durante uma entrega em São Carlos (SP) afirmou em depoimento na terça-feira (23) que não houve motivo para cometer o crime. Segundo o delegado do 3º Distrito Policial (DP), Aldo Donizetti Del Santo, o rapaz de 29 anos relatou que não conhecia a vítima e que não usou drogas antes de cometer o homicídio. Fabiano de Caldas Vieira disse ainda que nunca fez tratamento psicológico ou psiquiátrico.

O assassinato aconteceu na noite de segunda-feira (22). Kleber Aparecido da Silva Coelho, de 25 anos, e Fabiano de Caldas Vieira, de 29, foram presos em flagrante e vão responder por homicídio qualificado pelos crimes de motivo fútil e traição. Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos.

De acordo com o delegado, Fabiano afirmou que o amigo não participou do assassinato, apenas ajudou a limpar o sangue e saiu para comprar combustível na tentativa de queimar o corpo da vítima. Já Kleber não deu detalhes do crime e afirmou que iria se manifestar somente em juízo. O G1não conseguiu contato com os advogados dos suspeitos.

Pauladas
Márcio José Pascoal, de 38 anos, trabalhava em uma lanchonete e foi morto durante uma entrega. De acordo com a polícia, Fabiano relatou que, assim que o motoboy chegou, ele o agarrou pela jaqueta e o jogou no chão. Mandou que Márcio tirasse o capacete, mas, como ele não obedeceu, Fabiano acabou ele mesmo tirando. Então, pegou um pedaço de madeira que estava no chão e desferiu aproximadamente três golpes na cabeça da vítima.

O agressor relatou ainda em depoimento que Márcio morreu na calçada e que a moto permaneceu ligada. Ele então aproveitou para colocar a vítima e o veículo na casa. Depois levou o corpo para o banheiro e, com a ajuda de Kleber, passou a limpar o sangue com água, detergente e uma vassoura.

Ainda de acordo com o depoimento, o agressor disse que pegou a bolsa do motoboy, retirou os lanches, pegou as máquinas de cartão de crédito, retirou os chips e os quebrou. Fez o mesmo com o celular da vítima.

Segundo a polícia, Fabiano pegou uma faca com a intenção de esquartejar o corpo, colocar as partes em uma bolsa e levar para longe, mas acabou desistindo da ideia. Depois, ele e o amigo resolveram comprar combustível em um posto. Eles trancaram a casa e foram ao posto, onde encheram duas garrafas pet no valor de R$ 16 que retiraram da carteira da vítima. Ao retornarem para casa, notaram uma movimentação estranha na rua. Fabiano teria então chamado Kléber para sair novamente para pensar melhor o que fazer, quando foram abordados por uma equipe da PM.

Comoção
O corpo de Márcio foi enterrado em São Carlos no fim da tarde de terça-feira. Durante o velório, amigos se reuniram na Praça Itália e seguiram em comboio de motos pela Avenida São Carlos até o velório para se despedir do companheiro. Comovidos, familiares tentavam encontrar explicação para o que aconteceu.

“Ele era carismático e muito trabalhador. Batalhava dia e noite para dar o melhor aos filhos. Para nós, é um caso inexplicável porque ele evitava confusão, não tinha brigas, envolvimento com nada de errado. Isso é pura maldade que as pessoas têm no coração”, disse o professor Leonardo Robson Ribeiro, sobrinho da vítima. "Não tem explicação para o que aconteceu. Estou até agora sem entender. É bárbaro demais", desabafou Sérgio Gallo, primo da vítima.

Medo
O motoboy Luis Queiroz contou que um dia antes do crime foi ao mesmo endereço entregar lanches para a dupla. “Quando cheguei, entraram com o lanche e demoraram para pegar o dinheiro, ficaram uns 5 minutos conversando. Saíram e ficaram me encarando, olho no olho, achei muito estranho”, relatou.

O entregador disse que pegou o dinheiro e não conferiu. “Fiquei com medo, coloquei na caixa e fui embora. Eu penso que eles queriam matar qualquer um. Estavam esperando a hora certa. Mataram por maldade. O que a gente quer agora é justiça", afirmou.

Segundo a polícia, os suspeitos trabalhavam como garçons na Vila Nery. Os dois são de Sertãozinho  e estavam na cidade há três semanas. Eles foram levados para o Plantão Policial, prestaram depoimento e foram encaminhados para o Centro de Triagem.

O crime
De acordo com a Polícia Militar, Pascoal trabalhava em uma lanchonete e, durante a noite, foi designada para uma entrega na Travessa Waldemar Nutti, no Centro, e não retornou. Ao perceberem que ele não voltava, colegas chamaram a Polícia Militar e uma equipe começou a refazer os endereços onde o motoboy tinha passado.

No primeiro endereço, os policiais não encontraram nada ilícito, mas os policiais notaram o comportamento estranho de dois homens que estavam na frente da casa e começaram a interrogá-los.

Inicialmente, os suspeitos disseram que estavam do lado de fora porque o lanche encomendado não chegava, mas os policiais notaram que havia sangue na calçada, recentemente lavada, e continuaram a fazer perguntas.

Um dos homens confessou que havia dado várias pauladas na vítima e que, em seguida, o motoboy havia sido levado para uma casa na mesma rua. No imóvel, os policiais se depararam com as paredes manchadas de sangue e, no banheiro, encontraram o corpo com uma faca cravada na perna. Para os militares, a dupla tentou esquartejar a vítima.