BETO BELLINI
O cartão de crédito tornou-se um dos principais meios de pagamento do brasileiro. Prático, rápido e cada vez mais integrado às compras digitais, ele funciona quase como uma extensão da carteira. Porém, junto com a facilidade, vêm também riscos que exigem atenção redobrada.
Nos últimos meses, as taxas de juros do crédito rotativo dos cartões de crédito têm atingido patamares alarmantes — e isso acende um sinal de alerta para quem eventualmente “empurra” faturas ou paga apenas o mínimo.
Segundo dados do Banco Central, a taxa média anual para o rotativo subiu para cerca de 445% ao ano. Em maio de 2025, por exemplo, a taxa média foi divulgada em 449,9% ao ano, um aumento de 5,7 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Esse percentual coloca o rotativo como uma das modalidades de crédito mais caras do mercado — muito acima de empréstimos pessoais ou linhas de crédito com garantia.
Um dos maiores perigos é a ilusão de dinheiro infinito. Muitas pessoas confundem limite com renda e acabam gastando além do que podem pagar. O resultado é conhecido: atraso no pagamento da fatura, cobrança de juros elevados e entrada em uma espiral de dívidas difícil de controlar.
Outro cuidado importante está nas compras parceladas. Apesar de parecerem inofensivas, elas comprometem a renda futura e podem limitar a capacidade de lidar com imprevistos. Acumular várias parcelas, mesmo pequenas, pode transformar o orçamento em um quebra-cabeça quase impossível de resolver.
Além disso, há os riscos de segurança. Golpes digitais, clonagem e compras não autorizadas aumentaram nos últimos anos. Por isso, é essencial verificar constantemente a fatura, usar cartões virtuais em compras online e evitar fornecer dados em sites suspeitos.
Mas o cartão de crédito não precisa ser um vilão. Quando usado com disciplina, ele pode trazer benefícios, como programas de pontos, cashback e maior prazo para organizar as finanças. O segredo está em gastar de acordo com o orçamento real e pagar sempre o valor total da fatura.
Em tempos de inflação e orçamento apertado, o cartão deve ser visto como ferramenta de apoio, nunca como solução para falta de dinheiro. O uso consciente garante que a praticidade não se transforme em dor de cabeça.
Dicas rápidas para usar o cartão de crédito sem se endividar:
Pague sempre o valor total da fatura: evitar o rotativo é a regra de ouro.
Controle o limite: não confunda crédito disponível com renda extra.
Cuidado com parcelas: não acumule prestações que comprometam o orçamento.
Acompanhe seus gastos: use aplicativos do banco para monitorar as compras em tempo real.
Segurança em primeiro lugar: utilize cartões virtuais e desconfie de links ou sites duvidosos.
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Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e da Unip/RP, é membro da ASEL - Academia Sertanezina de Letras