CANA - FCStone espera moagem 4,9% menor em 2017/18 e projeta nova queda para 2019/20

Clima impacta atividades de colheita e mix açucareiro, que deve registrar o menor nível em vinte anos
23/11/2018

A paralização das atividades de colheita da cana-de-açúcar no Centro-Sul devido às chuvas tem reforçado as expectativas de uma moagem total tímida para a safra 2018/19. A INTL FCStone manteve sua projeção de moagem em 567,0 milhões de toneladas, 4,9% abaixo do mesmo período na safra passada e menor nível de moagem do Centro-Sul desde a safra 2012/13.

Dados compilados pelo grupo mostram que a precipitação média no cinturão canavieiro do Centro-Sul durante o mês de setembro e a primeira quinzena de outubro ficou 172% acima da do ano passada e foi 71% maior que a média dos últimos 10 anos. Por outro lado, dados da própria União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que apenas 15 usinas já haviam encerrado suas atividades de colheita até a primeira metade de outubro, três a menos do que no mesmo período no ano passado.

“Desta forma, podemos dizer que as expectativas de uma ‘morte súbita’ da safra ficaram para trás, sendo que o clima chuvoso deve obrigar várias empresas a estenderem a moagem da safra por mais tempo do que era previamente esperado”, avalia o especialista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.

Por outro lado, as pancadas de chuva vieram tarde demais para recuperar a saúde dos canaviais, levando a INTL FCStone a manter sua estimativa de Toneladas de Cana por Hectare (TCH) para a safra em 71,9 t/ha, 5,4% abaixo da safra 2017/18.

O Açúcar Total Recuperável (ATR) médio, que normalmente apresenta queda de 2% entre a primeira quinzena de setembro e a primeira de outubro, caiu 9% no mesmo período este ano. Segundo análise do grupo, como as chuvas fortes persistiram no final de outubro e começo de novembro, é provável que este padrão se mantenha. Com isso, a INTL FCStone reduziu sua estimativa para o total da safra em 0,4%, para 139,0 kg/t, nível ainda 1,7% superior à safra anterior.

Em relação ao destino da cana, a consultoria espera que apenas 35,1% da cana moída será destinada à produção de açúcar, a menor proporção em mais de vinte anos, caindo em 26,9% na comparação com a safra passada, para 26,3 milhões de toneladas, o menor nível em onze anos.

“Com ATR menor e mais paradas nas operações graças ao clima chuvoso dos últimos meses, ficou mais fácil para as usinas destinarem uma proporção ainda maior da matéria-prima para a produção de etanol. Como a maioria das empresas tem buscado exatamente isso, com o objetivo de aproveitar os melhores preços oferecidos pelo biocombustível em relação ao açúcar, o mix alcooleiro acabou superando nossas estimativas”, explica João Paulo Botelho. (Com informações do Portal Nova Cana)