Busca por oxigênio hospitalar cresce na pandemia; médico alerta sobre riscos de tratamento sem prescrição

Busca por oxigênio hospitalar cresce na pandemia; médico alerta sobre riscos de tratamento sem prescrição
15/02/2021

Com alta de 50%, comerciante relata casos de pacientes com sintomas da Covid-19 que tentam recorrer ao produto antes de ir ao médico. 'É grave, pode causar problema de saúde', alerta pneumologista

 

POR EPTV1

 

Dono de uma empresa de oxigênio medicinal, Roldinei Salomão estima um aumento de 50% na procura por cilindros desde setembro do ano passado em Ribeirão Preto (SP). "A minha empresa é só para atender o município. Agora há toda uma gama de atendimento na região e começou a ficar meio complicado", diz.

A alta na demanda sentida pelos empresários do setor chega a 60%, segundo apuração da EPTV, afiliada da TV Globo, e se dá principalmente em função da pandemia da Covid-19 e dos problemas respiratórios nos pacientes que precisam do tratamento.

Mas, entre os que alugam os cilindros, há pessoas que tentam se tratar por conta própria em casa, sem prescrição médica. Comportamento que pode trazer riscos à saúde, alerta o pneumologista Luis Renato Alves.

"É grave, pode causar problema de saúde, a gente sempre tem que entender que o uso do oxigênio deve ser restrito para casos que o médico prescreve, casos em que você tem uma falta de oxigenação sanguínea", diz.

 

Alta demanda

Associado ao tratamento de problemas respiratórios, o oxigênio hospitalar passou a ser mais procurado por causa da pandemia do novo coronavírus e isso tem preocupado o comerciante que só faz venda ou locação dos equipamentos com receita médica, como é o caso de Ronival Salomão.

"Um aumento muito significativo, de setembro pra cá em torno de uns 50%. A demanda me assusta porque vem aumentando. Acredito muito que pra atender estamos precisando muito das multinacionais, elas que são credenciadas ao envasamento do cilindro do oxigênio medicinal", afirma.

Além dos cilindros, outros equipamentos como os concentradores de oxigênio também passaram a ser mais procurados. O aparelho capta todos os gases do ambiente e separa o oxigênio para ser usado na respiração.

"Desde abril do ano passado a gente teve um aumento significativo das vendas e locações de oxigenoterapia", afirma a fisioterapeuta Bruna Rafaela Neves Sant'ana, que trabalha em uma empresa especializada na área.

 

Riscos

Em meio ao aumento dessa demanda, Salomão tem observado um comportamento preocupante de parte dos clientes, que tentam levar o produto sem receita médica.

"Tenho percebido muito pânico desnecessário. O indivíduo com qualquer sintoma não vai buscar uma orientação médica, de um profissional, ele vem até mim, achando que a gente está apto para resolver isso. Não. Eu apenas faço a distribuição do oxigênio medicinal. (...) A gente tenta pedir com que a pessoa vá a um profissional da área e aí sim ele volte a mim", afirma.

Ao utilizar oxigênio medicinal por conta própria, segundo o pneumologista Luis Renato Alves, o paciente pode estar exposto a uma dosagem excessiva, que pode causar sintomas como dores de cabeça, câimbras, tontura e irritabilidade.

Além disso, o uso pode atrapalhar o diagnóstico da Covid-19 e a prescrição correta para o combate às complicações da doença.

"A pessoa que muitas vezes estiver com sintomas de Covid e detectar que tem alteração na oxigenação, uma oxigenação mais baixa, é recomendado que ela procure o hospital e não faça o uso em casa de oxigênio sem uma avaliação médica específica", afirma.

 

(Com informações g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca)