Automedicação dificulta diagnóstico de doenças mais graves, revela especialista

Automedicação dificulta diagnóstico de doenças mais graves, revela especialista
13/05/2024

Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostra que 9 em cada 10 brasileiros se automedicam

Tomar analgésico por conta própria quando se tem dor de cabeça, sintomas de resfriado ou mesmo aquela dor aguda nas costas virou hábito brasileiro, alerta o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) . Segundo pesquisa realizada pela instituição em abril deste ano, 9 em cada 10 brasileiros se automedicam, principalmente mulheres, pessoas economicamente ativas e pessoas com maior nível de escolaridade (ambos os gêneros).

Embora ainda seja comum tomar remédios sem receita médica, Dr. Marcelo Bechara, clínico geral e cirurgião, indica que o uso repetido pode ser um problema. “A automedicação diária pode camuflar um sintoma mais persistente, um quadro mais grave. Então, apenas aliviar a dor é tratar a consequência e não a causa”, pontua.

Além disso, segundo o estudo, com a facilidade de acesso à informação, 68% das pessoas conseguem obter mais rapidamente orientações sobre doenças e seus tratamentos, e até obter medicamentos que necessitam necessariamente de receita médica.

E o Dr. Bechara confirma esse dado. Para ele, a internet é uma das maiores concorrentes em diagnósticos médicos. “Os pacientes pesquisam frequentemente nos motores de busca. Agora, com a inteligência artificial, a situação é ainda mais complicada. Muitas vezes, o paciente chega com um diagnóstico, feito por ele mesmo, e está completamente errado. Esses programas não sabem interpretar um exame associado ao quadro clínico, por exemplo”, comenta o especialista.

Além das dores rotineiras, os brasileiros também recorrem à prática para transtornos como ansiedade, insônia, estresse e perda de peso. Para essas questões, são utilizados medicamentos mais fortes, que podem causar danos permanentes, como dependência psicológica e dependência química .

“Para dores intensas, o uso de opioides pode ser viciante, espalhando-se pelo cérebro numa ação semelhante às substâncias das bebidas e do cigarro, mas com capacidade viciante muito maior. Isso acontece porque, se tomados por tempo prolongado, os medicamentos podem causar dependência química”, alerta Dr. Bechara.

O especialista ressalta ainda que, para o controle, é importante saber qual medicamento é indicado para determinada condição e tomá-lo na dose certa e pelo tempo necessário, principalmente para ajudar a promover a saúde e até economizar dinheiro.

Histórico

O estudo do ICTQ não dá um panorama de por que isso acontece com tanta frequência, mas Bechara esclarece que há um contexto por trás dessa situação, como a forma burocrática como acontecem as consultas preventivas e a conscientização dos pacientes sobre suas doenças.

“Sono ruim, sedentarismo, obesidade são fatores que importam muito. As pessoas estão inflamadas, se sentem mal e querem resolver isso de uma forma mais fácil. Além disso, ninguém quer esperar na fila de pronto-socorros ou clínicas, mas sim ir direto para o tratamento. Ele não tem paciência para consultar. Porém, é preciso mudar a forma de pensar, que é o mais difícil”, revela Marcelo.

Dr. Bechara também deixa claro que a falta de rigor na fiscalização é um desafio. “Em tese, tudo tinha que ser com receita, mas sabemos que as farmácias vendem sem controle. Sem falar no mercado

clandestino, onde você encontra de tudo, desde remédios para tratar transtorno de déficit de atenção, como o venvanse, até hormônios anabolizantes”, finaliza.

Sobre Marcelo Bechara

Marcelo Bechara é médico há mais de 16 anos. Formado em Medicina pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), continuou na área de Medicina Clínica e Cirurgia Geral, tendo atuado como Subsecretário de Saúde da Prefeitura de Praia Grande e na linha de frente da Covid-19 durante a pandemia, também como regulador de saúde, vaga e chefe do SAMU, na rede pública de saúde.

Atualmente, Bechara trabalha com Medicina Integrativa, na clínica que leva seu nome, inaugurada em 2023 em Praia Grande, São Paulo.

Em seu espaço, presta cuidados que vão além do tratamento de doenças, promovendo melhorias no bem-estar e na qualidade de vida de seus pacientes.

Assessoria de imprensa

Franciele Ferreira