Aumento na mistura de etanol anidro na gasolina gera demanda adicional de 1,2 bilhão de litros

Aumento na mistura de etanol anidro na gasolina gera demanda adicional de 1,2 bilhão de litros
11/08/2025

O governo brasileiro autorizou o aumento da proporção de etanol anidro na composição da gasolina, elevando o percentual de 27% para 30%. A medida, além de reforçar o compromisso do país com combustíveis mais sustentáveis, tem impacto direto na cadeia produtiva do setor sucroenergético.

Estima-se que, para cada 1 ponto percentual de aumento na mistura, a demanda adicional por etanol anidro seja da ordem de 400 milhões de litros. Assim, com o acréscimo de 3 pontos percentuais, o mercado absorverá um volume extra de 1,2 bilhão de litros de etanol anidro.

Essa mudança representa uma importante sinalização de estímulo à produção nacional, fortalecendo o papel do etanol como alternativa estratégica na matriz energética brasileira e contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, o cenário atual de mercado já aponta uma remuneração mais atrativa para o etanol anidro em comparação ao açúcar, especialmente quando considerados fatores como custo de produção, liquidez, velocidade de comercialização e distância das usinas até os portos de exportação. Essa vantagem relativa tem o potencial de levar as usinas a realocar parte da cana-de-açúcar destinada anteriormente à produção de açúcar para a fabricação de etanol anidro, maximizando margens e atendendo à nova demanda gerada pela elevação da mistura.

A decisão também gera impactos econômicos positivos em toda a cadeia agrícola e industrial do setor sucroalcooleiro, beneficiando produtores de cana-de-açúcar, usinas, distribuidoras e regiões economicamente dependentes da agroindústria canavieira. Além disso, contribui para a valorização do biocombustível brasileiro no cenário internacional, dado seu papel reconhecido na transição energética global.

O Brasil, líder mundial na produção e uso de etanol como combustível, reafirma com essa medida seu protagonismo na promoção de soluções energéticas renováveis. A elevação da mistura também pode reduzir a necessidade de importação de gasolina fóssil, trazendo reflexos positivos na balança comercial e maior previsibilidade ao mercado interno.

Trata-se, portanto, de uma decisão com efeito estrutural — tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico — que deve impulsionar novos investimentos, elevar a eficiência logística do setor e consolidar a importância do etanol como vetor estratégico da política energética nacional.

 

Paulo Roberto Garcia

Engenheiro de Produção – Universidade de São Paulo (USP)