A geografia da dor nas mudanças climáticas: o que a justiça climática precisa encarar no Brasil

23/06/2025

As tragédias ambientais não atingem todos da mesma forma. De Petrópolis a São Sebastião, passando por Manaus, Recife e, mais recentemente, o Rio Grande do Sul, os desastres climáticos seguem um padrão silencioso e cruel: a destruição quase sempre recai sobre os mesmos territórios — bairros periféricos, favelas, áreas com menor infraestrutura urbana e moradores com menos acesso a direitos.

Para o especialista em gestão de riscos e fundador da ONG HUMUS, Leo Farah, esse padrão revela uma urgência ética que precisa entrar de vez no debate público e nas decisões políticas: a justiça climática.

“Desastres não são naturais. O que é natural é a chuva. O que transforma isso em tragédia é a negligência com o lugar e com quem vive nele. E o padrão se repete: são sempre os mesmos CEPs, as mesmas famílias, os mesmos territórios. Justiça climática é garantir que a prevenção, a infraestrutura e a preparação cheguem antes da emergência”, afirma Leo.

A ONG HUMUS atua em dezenas de municípios brasileiros, especialmente em territórios com histórico de vulnerabilidade social e risco climático. Com programas como Defesa Alerta, Agente Capaz e Heróis do Futuro, a organização já capacitou centenas de agentes comunitários, lideranças locais e equipes das Defesas Civis, com foco em reduzir os impactos das mudanças climáticas sobre as populações mais expostas.

O tema está no centro dos debates do Congresso Brasileiro de Educação Ambiental, que acontece nesta semana no Rio Grande do Sul — estado duramente afetado por enchentes recentes.

“Não adianta falar de sustentabilidade se não falamos das desigualdades. Justiça climática é sobre isso: entender que o clima não afeta a todos do mesmo jeito — e que proteger quem mais sofre é também proteger todos nós”, reforça Leo.

Leo Farah, capitão da reserva do Corpo de Bombeiros e fundador da HUMUS, é especialista em resgates em desastres, com experiência em campo nas principais tragédias climáticas dos últimos anos, como Brumadinho e as enchentes no RS. Está disponível para entrevistas e comentários sobre justiça climática, políticas públicas e o papel da prevenção em territórios vulneráveis.

 

Ariane Dias - ariane@mosaike.com.br