ESTRESSE e QUEDA DE CABELO
Dra Thais Aranda*
A “vida” do fio de cabelo possui uma fase de crescimento longo, que pode durar de 2 a 6 anos; uma fase de repouso que pode durar até 3 meses (chamada fase Telógena) e uma fase de queda com período curto e indeterminado.
Momentos de ESTRESSE EMOCIONAL, emagrecimento intenso, pós parto, infecções, medicamentos, entre outros, podem atuar como fatores desencadeantes (gatilhos) para a transição da fase de crescimento de parte dos cabelos para a fase de repouso e queda, condição conhecida como EFLÚVIO TELÓGENO (ET). Essa condição atinge ambos os sexos, porém é maior entre as mulheres, podendo causar a perda de 25 a 35% dos cabelos.
O estresse faz com que parte dos folículos pilosos entre na fase de repouso, levando a queda até três meses após o descontrole emocional. Isso ocorre por que nosso organismo entende que o estresse é um agressor e que os cabelos não são vitais para nossa sobrevivência, nesse momento ocorre um desequilíbrio hormonal e privação de vitaminas e proteínas no folículos piloso, levando a queda do cabelo.
Desequilíbrio hormonais relacionados ao ET:
- aumento da secreção de adrenalina,
- a aumento da produção de estriol,
- altas taxas de cortisol,
- sistema circulatório periférico comprometido, o que afeta a fixação do cabelo.
Nosso momento atual …
É notório o aumento das queixas de “queda dos cabelos” atualmente, particularmente relacionadas com o momento de incertezas da pandemia do coronavírus. O medo de adoecer, a imposição do isolamento social e os problemas financeiros causados pela paralisação do comércio, na tentativa de controle da doença tem causado um grande aumento do ESTRESSE e sofrimento psíquico. O #fiqueemcasa não está sendo fácil, segundo estudo da Universidade do Estado do Rio (Uerj), publicado online pela revista científica The Lancet, embora ainda sem revisão, revelou que os casos de depressão praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80%, nesse período. O professor Alberto Filgueiras coordena o estudo por meio do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva (LaNCE), em parceria com o Dr. Matthew Stults-Kolehmainen, do Yale New Haven Hospital, nos EUA e, de acordo com os dados analisados, as mulheres são mais propensas a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena. Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Já para depressão, as principais causas são idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
Tratamento:
A boa notícia é que o Eflúvio Telógeno, na grande maioria dos casos é uma condição REVERSÍVEL. O tratamento depende da identificação da causa e eliminação do fator desencadeante.
• Deficiência de ferro, vitaminas, proteínas devem ser corrigidos;
• Avaliação do couro cabeludo e tratar possíveis dermatites (inflamações) locais,
• Doença endócrinas, como hipotireoidismo, devem ser tratadas;
• Uso de medicações tópicos com shampoo e loções domiciliares específicos;
• Injeções intradérmicas e microagulhamentos em consultório;
• Laser e fototerapias em consultório;
• Suspender ou evitar ao máximo terapias capilares que causam danos ao cabelo:
⁃ danos térmicos: secador de cabelos e chapinhas
⁃ danos químicos: despigmentantes, alisamento (formol e amônia)
⁃ danos traumáticos: tracionar o cabelo de maneira geral (tranças, prender o cabelo, apliques)
• Apoio psicológico é indicado até que haja redução da queda ativa.
Referências:
Tratado de Dermatologia Belda Jr - 3 ed.
https://www.uerj.br/noticia/11028/
* Dra Thais Aranda é médica - CRMSP: 140.556